Genética ou estilo de vida: O que é que determina nosso microbioma?

12.08.2018

Um estudo traz uma nova esperança para melhorar nossa saúde

A questão da natureza vs nutrição se estende ao nosso microbioma – o complemento pessoal das bactérias mais amigáveis que temo no nosso organismo. Inúmeros estudos têm constatado que nosso microbioma afeta quase todos os aspectos da nossa saúde; e sua composição microbiológica, que varia de pessoa para pessoa, pode conter a chave para tudo, desde o aumento do peso até nosso astral. Alguns pesquisadores de microbiomas haviam sugerido que essa variação começa com as diferenças entre nossos genes; mas um estudo em grande escala, conduzido no Instituto Weizmann de Ciências, desafia essa ideia e comprova que a ligação entre o microbioma e a saúde pode ser mesmo mais importante do que nós imaginávamos.

Na verdade, a hipótese era a de que a genética desempenha uma função mais importante na determinação das variações do microbioma humano. Sob este ponto de vista, nossos genes determinam o ambiente que no nosso microbioma ocupa, e cada ambiente em particular permite que determinadas estirpes de bactérias prosperem. Entretanto, os pesquisadores do Weizmann ficaram surpresos ao constatarem que a genética do hospedeiro desempenha um papel meramente secundário na determinação da composição do microbioma – sendo responsável por apenas cerca de 2% das variações entre as populações.

A pesquisa foi liderada pela estudante Daphna Rothschild, o Dr. Omer Weissbrod e o Dr. Elad Barkan do laboratório do Prof. Eran Segal do Departamento de Ciências da Computação e Matemática Aplicada, em conjunto com membros do grupo do Prof. Eran Elinav do Departamento de Imunologia, todos do Instituto Weizmann de Ciências. Suas constatações, recentemente publicadas na revista Nature, tiveram como base uma base de dados exclusiva de cerca de 1.000 israelenses que haviam participado de um estudo longitudinal de nutrição personalizada. Israel tem uma população altamente diversificada, ideal para a investigação dos efeitos das diferenças genéticas. Além dos dados genéticos e de composição dos microbiomas, as informações coletadas para cada participante do estudo incluíam hábitos alimentares, estilo de vida, medicamentos e parâmetros adicionais. Os cientistas que analisaram esses dados concluíram que a dieta e o estilo de vida são, de longe, os fatores mais dominantes na composição do nosso microbioma.

Se as populações dos microbiomas não são definidas pela nossa genética, como é que ainda assim interagem com nossos genes para modificar nosso estado de saúde? Os cientistas investigaram as ligações entre o microbioma e os parâmetros da base de dados, incluindo colesterol, peso, níveis de glicose no sangue entre outros. Os resultados do estudo foram muito surpreendentes: Na maioria das métricas clínicas, a associação a genomas bacterianos era pelo menos tão forte, em alguns mais forte, quanto a associação ao genoma humano dos hospedeiros.

Segundo os cientistas, essas constatações são uma prova expressiva de que entender os fatores que delineiam nosso microbioma pode ser a chave para compreender e tratar diversos problemas de saúde comuns.

Segal: "Não podemos mudar nossos genes, mas agora sabemos que podemos afetar – ou até mesmo redefinir – a composição das diferentes espécies de bactérias que hospedamos em nossos corpos. Portanto, as descobertas da nossa pesquisa nos dão muita esperança; sugerem que o nosso microbioma pode ser um meio poderoso de melhorar a nossa saúde".

O campo de pesquisa de microbiomas é relativamente jovem; a base de dados de 1.000 pessoas, coletados pelo Instituto Weizmann, é uma das mais completas do mundo. Segal e Elinav acreditam que, com o passar do tempo, com o acréscimo de dados ao seu estudo e a outros estudos em andamento, essas descobertas recentes podem ser validadas e as ligações entre o nosso microbioma, nossa genética e nossa saúde se tornarão mais claras. 

 

A pesquisa do Prof. Eran Elinav tem o apoio da Fundação Adelis; de Andrew e Cynthia Adelson; do espólio de Bernard Bishin; de Valerie e Aaron Edelheit; do Conselho Europeu de Pesquisa; de Jack N. Halpern; do Consórcio Beneficente Leona M. e Harry B. Hlemsley; da Fundção Bernard M. e Audrey Jaffe; da Fundação Else Kroener Fresenius; do Fundo Beneficente Park Avenue; da Fundação da Família Lawrence e Sandra Post; da Fundação Rising Tide; de Vera e John Schwartz; de Leesa Steinberg; e de Yael e Rami Ungar. O Prof. Elinav ocupa a cátedra de Sir Marc and Lady Tania Feldmann.

 

A pesquisa do Prof. Eran Segal tem o apoio da Fundação Adelis; de Judith Benattar; da Fundação da Família Carter Chapman Shreve; do Centro de Genoma Humana de Crown, do qual ele é diretor; do Conselho Europeu de Pesquisa; de Jack N. Halpern; da Fundação Else Kroener Fresenius; de Donald e Susan Schwarz; e de Leesa Steinberg.

O Instituto de Ciência Weizmann, unidade de Rehovot, Israel, é uma das principais instituições de pesquisas multidisciplinares do mundo. Conhecido pela sua exploração abrangente das ciências naturais e exatas, o Instituto conta com o apoio de cientistas, estudantes, técnicos e pessoal de apoio. As iniciativas do Instituto na área de pesquisas incluem a busca por novas formas de combate a doenças e à fome, a análise de importantes questões nas áreas de matemática e ciências da computação, estudos sobre a física da matéria e do universo, a criação de novos materiais e o desenvolvimento de novas estratégias para proteção do meio ambiente.

As notas de imprensa do Instituto Weizmann são publicadas na Internet, no site

http://wis-wander.weizmann.ac.il/, e também estão disponíveis no site http://www.eurekalert.org/

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